Esporte
Ancelotti agradece carinho do torcedor e se mostra ansioso para estreia pela Seleção: “Algo especial”
Aos 65 anos, treinador italiano comandará uma equipe nacional pela primeira vez na carreira na partida entre Brasil e Equador, nesta quinta, em Guayaquil, pelas eliminatórias
Um veterano com frio na barriga e expectativa de um iniciante. Com mais de cinco décadas de seus 65 anos dedicadas ao futebol, Carlo Ancelotti vive a experiência de fazer algo pela primeira vez: dirigir uma seleção. Na véspera de sua estreia no comando do Brasil, o treinador comentou o sentimento para o jogo contra o Equador, quinta-feira, em Guayaquil, pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026.
Em entrevista coletiva na cidade equatoriana, nesta quarta, Carleto avaliou o desafio contra os atuais vice-líderes da competição e elogiou as condições de trabalho e o carinho recebidos nos primeiros dias no Brasil.
— É algo especial. Tem sido uma semana bonita, intensa, a estrutura da CBF está muito bem organizada. Temos trabalhado bem, começamos com vontade, com esperança e trabalhamos por essa camisa que é especial. É assim que tenho sentido esses dias. Tive uma grande recepção de todo o país, nos estádios e até o momento está tudo bem. Agora, temos um desafio importante e estamos preparados. É um jogo muito importante e muito difícil.
Com Carlo Ancelotti no banco de reservas, o Brasil encara o Equador na quinta-feira, às 20h (de Brasília), no estádio Monumental Isidro Romero Carbo, em Guayaquil. Com 21 pontos, a Seleção ocupa a quarta colocação na tabela, enquanto os equatorianos estão em segundo com 23.
Confira a íntegra da coletiva
O que esperar da equipe?
— Uma equipe que luta, que joga bem futebol. Muitos jogadores com capacidade, extraordinários e queremos ver isso. O Equador está jogando bem, organizado, vai ser um ótimo teste. A qualidade que temos, temos que mostrar em todos os sentidos, individual e coletivo.
Quem será o capitão?
— Capitão eu vou falar amanhã para a equipe. Não teremos muito problema, mas quero falar antes com os jogadores.
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Carlos Ancelotti em entrevista coletiva em Guayaquil — Foto: Léo Sguaçabia/ Canal Wamo
Meio de campo
— Essa equipe nas suas características tem qualidade no meio, porque Gerson tem uma boa qualidade não só para jogar na construção, mas no jogo entre linhas, como Bruno está acostumado a jogar. Cada jogador tem suas características, e cada jogo temos que mudar. Andrey tem muita qualidade, eu não conhecia muito. Vi nesses últimos dias e me parece um meio-campista completo. O Andreas também está muito bem. A criatividade não será o problema, porque na frente temos jogadores muito bons, como Vini, Matheus Cunha, Estêvão… O problema sempre é combinar a criatividade com a organização e o trabalho de grupo.
Jogo com o Equador
— Creio que competir, ganhar, tentar ganhar… Temos que fazer uma partida completa, não só setor no ofensivo. Não dá para fazer só uma coisa boa. Creio que o ofensivo vamos fazer bem pela criatividade que temos. No defensivo temos que ter uma equipe solidária, que compete, luta, trabalha com todos juntos. Os dois aspectos são importantes para amanhã. Quero uma equipe que joga uma partida completa
O que conhece do adversário?
— O Equador está muito bem nas eliminatórias, tem 23 pontos, equipe organizada. Sebastián (Becaccecce) faz um bom trabalho aqui, tem jogadores a nível mundial, como Pacho, que ganhou a Champions, Caicedo, que ganhou a Liga Conferência. Tem qualidade. Sabemos quanto vai ser difícil a partida de amanhã, mas queremos competir com os melhores sempre e ganhar.
Jogar com centroavante?
— Temos que dar conta das características de Equador. Jogar com Richarlison de centroavante é uma coisa, e Matheus é outra. O Matheus se dá bem jogando por trás, e não vou pedir para ele fazer o que o Richarlison faz. Depende das características dos jogadores que vou fazer e depende de como a partida mudar. Quero um lateral que empurra muito e outro não. Se você tem extremos que são ofensivos, não precisa de um lateral extremo que empurra.
Vida no Rio de Janeiro
— Gostei muito. Eu estive em Fortaleza para ver um jogo, mas nunca no Rio. O Rio me encantou, gostei muito. Um panorama fantástico desde o Cristo, o recebimento, os estádios, o futebol brasileiro. Tudo perfeito, vamos ver amanhã (risos).
Experiência com uma Seleção
— Penso que estar aqui é algo muito bonito para a minha carreira, treinar uma seleção pela primeira vez, ainda mais a seleção do Brasil, que não é uma qualquer. Histórica. Tenho uma grande ilusão, motivação para fazer o melhor possível e tentar chegar ao objetivo final. Me dá muita confiança o que vejo, os jogadores, a gana que os jogadores têm para meter a camisa amarela. Creio que um país empurra essa Seleção, é algo muito importante ter um ambiente assim ao seu redor, é o melhor para você. Então esperamos muito a partida de amanhã porque queremos nos classificar para o Mundial e eu gostaria de ter o melhor de nós.
— Pelo visto nesses dias em que estive com a equipe nacional e a CBF, a estrutura é muito organizada, não falta nada. Temos tudo que queremos e tenho total autonomia do presidente e me parece que temos todas as ferramentas para fazer as coisas. Pode ser que nas últimas partidas a torcida não esteja contente, porque perder para a Argentina não é bom. Temos que seguir em frente com garra. Porque tudo que queremos é o Brasil protagonista no próximo Mundial.
Estêvão
— Eu não conhecia o Estêvão porque não o vi diretamente, só vi em vídeo, na TV. Ele tem um talento especial, extraordinário e tem que aprender coisas. Mas seu caráter parece de um garoto humilde, bom, com gana, personalidade. Isso me parece bom. Digo sempre que com jogadores jovens temos que ter cuidado, paciência, para buscar sua posição. É óbvio que ele tem todas as características para ser o futuro da Seleção.
Geração de jogadores
— Eu já expliquei que tenho muito claro. Creio que a qualidade individual de cada um tem que se juntar para formar uma equipe. Equador é um exemplo disso. Só a qualidade individual no futebol não é suficiente. Tem que incorporar o sacrifício, a atitude. O jogador brasileiro tem uma sorte nisso, porque a camisa do Brasil pesa muito e creio que é um grande orgulho vestir, porque eles são os melhores do mundo, entre eles o maior: Pelé.
Trote
— Sei que tenho que cantar na frente dos jogadores, não tenho medo, porque gosto de cantar. Tenho amigos italianos que cantam, amigos espanhóis que cantam. Todo mundo gosta de Alejandro Sanz, Bocelli, e são meus amigos. E vou tentar cantar uma música deles.
Canta agora?
— Agora, não… (risos)
Como foi feita a lista?
— Creio que tem o coordenador técnico Juan, que conhece muito bem os jogadores brasileiros, ele foi importante na primeira convocação. Os demais jogadores conheço todos, só tirando os pequenos detalhes dos brasileiros eles sabem mais. Juan me ajudou e Rodrigo (Caetano) também.
Casemiro e Richarlison
— Defende muito bem, uma equipe compacta que defende muito bem, não ficam os cinco atrás, os médios trabalham muito. Caicedo é um dos melhores no mercado no momento, tem mobilidade. A volta do Casemiro penso que é importante, eu o conheço muito bem, assim como Richarlison. Mas isso não quer dizer que estão no time porque conheço, mas porque creio que merecem pelo que fazem.
Vini
— Vini está bem, creio que se recuperou do último problema. Está bem, motivado como sempre. Esperávamos o melhor e creio que vai fazer. É um jogador muito, muito importante. Não sei se ainda fez seu melhor para ter sua melhor versão na Seleção, mas creio que tem tempo para fazer isso e vai ter a melhor versão, como faz no Real Madrid. É um jogador fundamental, não tem discussão nisso. Um jogador que sempre cumpre, fundamental pelas características que tem. Desequilibra em todos os momentos. Vamos trabalhar para ter sua melhor versão aqui.
Primeira impressão do elenco
— Encontrei um grupo muito bom, dias intensos, mas bonito. Conheci coisas novas, a estrutura da CBF, carinho que todos mostraram e com os jogadores tive pouco tempo para preparar, mas não é um problema. Tentei passar ideias claras a eles, dar a motivação necessária para fazer o melhor.
Como vai jogar?
— Vamos jogar… Não quero dizer que não sei, porque eu sei (risos). Gosto de uma equipe que não tenha uma identidade. Não quero deixar claro o que queremos fazer. Não uma equipe que defende em 4-4-2 ou no 4-3-3, não. Todos têm que defender, todos juntos. 4-3-3 ou 4-4-2 é imprescindível com a bola. A criatividade que os jogadores têm, uma equipe organizada com a bola, sem a bola também. Um futebol que nos permite jogar um futebol atrativo e se ligar na criatividade. Não posso falar que não podem driblar, eles sabem o que têm que fazer. Trabalhar sem a bola e a criatividade com ela.
