Ex-gerente do Flamengo explica escolha por coordenação de base do Atlético-MG e detalha projeto

Azevedo esteve no Flamengo por 10 anos. Oito e meio na base, como coordenador, e um e meio no profissional, como gerente. Mas, com quase 23 anos de trabalho no futebol, o olhar para a formação sempre chamou a atenção dele.

— Muita gente me faz essa pergunta. Não é algo normal. Mas tomei essa decisão com tranquilidade e convicto. Primeiro, tenho uma gratidão muito grande pelo Flamengo. Foram dez anos na base, dois no profissional. Eu diria que, em dez anos, o Flamengo vendeu cerca de R$ 1 bilhão em atletas oriundos da base.

— “Quando o Bracks me liga e fala do projeto do Atlético, vir trabalhar em uma SAF….Passei para ele o meu desejo de trabalhar com a base. Sempre me identifiquei, é sempre onde me sinto realizado. Desde o primeiro contato, deixaram claro que o clube pretende olhar para a base. Um apoio financeiro, de alinhamento e de espaço no profissional”.

— São 23 anos de futebol carioca. Vir para um time grande e poder participar de um projeto de médio a longo prazo….Temos o respaldo da diretoria e do futebol profissional para fazer um grande trabalho. Está muito claro o planejamento que o Galo quer até 2035. Ser SAF possibilita isso.

A busca pelo profissional veio após a chegada do CSO Paulo Bracks, que prometeu mudanças drásticas na base.

Assim que assumiu, o gerente fez trocas estratégicas em alguns cargos: coordenador de captação (cargo estava vago), coordenador de player care, coordenador de performance e observador para atuar no estado de São Paulo.

Na captação, André Velloso assumiu a função. Ele estava desde 2017 no Flamengo. Para a performance, Pedro Menezes foi o escolhido. Ficou seis anos no clube carioca, onde integrou o setor de tecnologia esportiva e ciência aplicada ao alto rendimento.

O clube também criou o setor de play care, responsável por cuidar do jogador, com a área de psicologia e serviço social. Fabiano Lunz, ex-Vasco, foi o escolhido. João Paulo Daniel ocupa o cargo de observador técnico do clube no estado de São Paulo.

— A gente entende que houve um trabalho bem feito pelo Damiani (antigo gerente). Mas, quando o Bracks vem, ele passa a visão do clube. E alinhamos muito bem isso. Tínhamos algumas vagas em aberto. Fomos ao mercado e contratamos bons profissionais.

                                 Luiz Carlos Azevedo, gerente da base do Atlético-MG — Foto: Daniela Veiga/Atlético

Os principais pontos da conversa e detalhes do projeto para a base atleticana: olhar para a captação, formação, venda de atletas, transição ao profissional e prazo para alcançar os resultados esperados.

Processo de captar atletas para a base

— Sou originário da área de scout. É o coração do clube. Podemos ter o melhor treinador do mundo, mas, se ele não tiver peças para poder fazer um grande trabalho… A captação é o pontapé inicial. A base passa por quatro pilares: captação, desenvolvimento, transição e dar retorno técnico e financeiro.

— A captação é o nosso carro-chefe. Queremos ter os melhores jogadores aqui dentro para entregar para as nossas comissões técnicas, para desenvolvê-los. Queremos ampliar nossa rede de observação, fazer parceria com alguns clubes.

— A busca pelo talento está cada vez mais precoce. Todo mundo quer achar o novo Vinícius Júnior mais cedo. Dentro desse cenário, temos essa clareza que precisamos investir forte na captação. A primeira categoria começa no sub-8. Do sub-8 ao 13, é varrer o estado de Minas Gerais, mas também sem perder o olhar ao Brasil todo. Nas mais velhas, estaremos em parceria com o CIGA.

                                        Mamady Cissé foi um dos atletas captados. — Foto: Pedro Souza / Atlético

O orçamento para a base

— Temos um orçamento bom perante ao cenário nacional. Sabemos que alguns clubes têm um orçamento maior. Entendemos que, com esse orçamento, podemos ser agressivos no mercado. Estamos na construção, detalhando (orçamento). O que o Paulo deixou claro é que, se tiver algo muito importante, ele não medirá esforços.

Venda de jogadores

— Temos claro o que queremos para o Atlético. Entendemos que o Flamengo e o Palmeiras são os grandes formadores e vendedores. Temos plena confiança, que com o modelo que temos, com toda a estrutura, com os passar dos anos, podemos estar subindo essas prateleiras.

— Temos claro o que queremos para o Atlético. Entendemos que o Flamengo e o Palmeiras são os grandes formadores e vendedores. Temos plena confiança, que com o modelo que temos, com toda a estrutura, com os passar dos anos, podemos estar subindo essas prateleiras.

Quando chega o resultado?

                            Estrutura da base do Atlético-MG — Foto: Fabio Pinel/Atlético